HominisCanidaee - Entrevista Jair Naves e EP Araguari...
Se me pedirem pra classificar ou dar uma dica do que o som dele se parece, eu diria: "pega um pouco de Joy Division na época do Unknown Pleasures, de Dolores Duran, Walter Franco e Maysa. Agora mistura tudo, é, lembra um pouco." Como foi dito no post do Hominis: Não é rock. Não é folk. Não é samba. Não é moda de viola. É apenas o melhor letrista da atualidade em um projeto sincero e visceral.
1. No começo do EP, existe um pedaço do filme "O caso dos irmãos Naves" há algum parentesco com eles?
Essa é uma pergunta que sempre me fazem e eu nunca sei exatamente o que responder, já que eu mesmo continuo com essa dúvida. Pelo que eu consegui apurar, havia uma ligação da família de Sebastião e Joaquim (as vítimas do ocorrido) com o pessoal da minha avó paterna, mas afirmar que eles eram meus parentes seria meio abusado da minha parte. O que me fez mencionar a história deles na introdução do EP não foi só a ligação com a cidade e a coincidência (ou não) do sobrenome, mas também a intenção de prestar uma homenagem a eles e de trazer o caso para o conhecimento daqueles que se interessam pelo que eu faço.
2. Você com esse projeto conseguiu trabalhar de maneira diferente nas letras. Lembro de uma vez que li que tinha planos em se expor menos.Acha que conseguiu isso em Araguari?
3. Em Araguari II (meus dias de vândalo) existe um verso que diz "minha reza de ateu". O que é Deus para você?
4. Como é sair de uma banda e ter um projeto solo? Digo, tomar conta de quase tudo sozinho?
5. O que você considerou mais difícil neste ep? Compor, gravar, mixar, tentar desviar a ansiedade?
Tudo foi extremamente difícil, desafiador. Não só por eu ter trabalhado por conta própria na maior parte do tempo, mas também porque acho que nunca fui tão exigente comigo mesmo quanto dessa vez. Como eu não queria me repetir ou fazer aquilo que as pessoas esperavam de mim, levei muito tempo lapidando as músicas e letras. A gravação também foi complicada, tanto pela complexidade de alguns arranjos quanto pelo fato de eu ter introduzido muitos elementos com os quais eu ainda não estava muito habituado (sintetizadores, piano, muitos backing vocals, vozes femininas, samplers, etc). Na mixagem e masterização foi um pouco mais tranqüilo. Tive o privilégio de poder contar com o Renato Coppoli, um verdadeiro mestre do ofício, com quem aprendi muita coisa no pouco tempo que trabalhamos juntos. Quando já estava tudo pronto, tive que esperar um pouco para conseguir a liberação dos trechos de “O Caso dos Irmãos Naves” que foram utilizados em “Araguari I (Meus Amores Inconfessos)”. A ansiedade foi realmente enorme, eu não tinha idéia de como as pessoas iriam receber essas músicas, mas valeu a pena passar por tudo isso. Com toda a franqueza, acredito que esse é o meu melhor trabalho até o presente momento.
6. Onde foi parar a loucura do vocalista da Ludovic? Ela persistira ao vivo mesmo com um som considerado mais "calmo"?
Acho que foi parar nas músicas em si. Acredito que esse EP contém algumas das minhas composições mais ousadas, de estruturas menos óbvias, mais “experimentais” no sentido literal do termo. Sobre os shows, difícil dizer. Não tenho qualquer interesse em repetir coisas que eu fiz no passado, mas ao mesmo tempo eu tenho minha personalidade, meu jeito de fazer as coisas, características das quais eu não vou me livrar nunca, mesmo que eu queria. Cabe a vocês ir aos shows e tirar suas próprias conclusões, creio eu.
7. Voce acredita que o público do Ludovic vai somar ao seu projeto solo? Pensou nisso quando fez o EP? Ou isso não faz parte do processo pra voce?
8. Reza a lenda que você não é muito a favor do download gratuito. Isso mudou?Qual a sua posição sobre o assunto musica livre na internet e essas coisas?!
9. Quais os planos com o projeto solo?! Pensa em sair do gueto e rodar mais o país?! Fale o que quiser pra quem quiser...
Os planos são de tocar o máximo possível, com quem nos chamar, em qualquer palco que nos receber. Fora isso, estamos gravando atualmente um disco "cheio", que deverá ter de 10 a 12 músicas inéditas, cuja previsão de lançamento é ainda para 2010. Estou muito empolgado com essa nova fase, espero poder contar com o apoio daqueles que me conhecem de meus projetos passados. Fora isso, muito obrigado a vocês pelo espaço. Tomara que a gente se encontre por aí em breve.