sexta-feira, 30 de abril de 2010

HominisCanidaee - Entrevista Sérgio Ugeda e Cláudio Duarte (banda Diagonal)...

Aqui vai uma opinião pessoal. Um dos lances mais legais de ter um blog sobre música é a troca que acontece entre bandas, musicas e nos do blog. Eis que um dia, ao abrir o email do HominisCanidaee me deparo com um e-mail de Sérgio Ugeda agradecendo por termos disponibilizado os discos da Diagonal pra download. Como estavámos fazendo esta série de entrevistas, caiu como uma luva. Dai ele resolveu colocar o parceiro dele de banda Cláudio Duarte na parada e deixou a entrevista mais legal ainda...

Sérgio Ugeda é uma figura bastante relevante na música independente nacional. Produtor (Tronco Produções), ex-dono de selo independente (Amplitude), musico que passou por diversas bandas e entusiasta da música nacional experimental. O mesmo pode ser dito do Cláudio Duarte que ja teve várias bandas independentes (intense manner of living, Maqno, Page 4), vamos as palavras...
1ª Formação da diagonal

"Antes de mais nada, eu me sinto muito mais confortável com a presença do Claudio em qualquer entrevista sobre o Diagonal. Eu conheci o Claudio em 97 como fã da única banda de São Paulo que causava em mim tal efeito, o de ser fã. Era o Page 4. Ir aos shows do Page 4 mexia comigo pois já há algum tempo eu ia a shows mas esta foi a primeira banda que me inspirou a realmente querer FAZER shows em função da música desafiadora que eles faziam. Conhecer as influências e ouvir o que o Page 4 fazia em suas próprias músicas foi sem dúvida um dos motores que me impulsionaram em direção da música enquanto prática."

1. Pra começar, quais são suas influências musicas?! Não so no Rock, mas no geral?

Claudio > No rock? Jawbox, Fugazi, Gang of Four, The Ex, The Clash, Sonic Youth... mas escuto de tudo um pouco, com algum critério, pois só assim se consegue desasnar o ouvido. Um teorema meu: uma boa experiência musical só pode vir junto à experimentação do campo das artes em geral. Tal como um escritor só é bom quanto mais leu diversos autores e estilos de diversas épocas, incluindo sua experiência artística num amplo sentido, um músico e uma banda só são bons se tiveram acesso a uma ampla discoteca, pensando e vivendo a arte, o cinema, o teatro etc., mergulhando de cabeça no campo das artes em geral.

Sérgio > Eu sempre fui apaixonado pelo classic rock. Pelo Led Zeppelin, especialmente. A ponto de conseguir gostar de verdade e sem vergonha de bandas como o Rush. Faz parte do que eu também chamo de ouvir de tudo. Dentro do Diagonal o "choque de influências" sempre determinou a estética adquirida nos dois discos.


2. Estava tentando lembrar aqui, mas esclarece ai. De quantas bandas voce fez ou faz parte ao longo de sua carreira de musico?! Eu lembro da Diagonal, Debate, sei que tocou com a hierofante mais recentemente, quais mais?!

Sérgio > Eu assumo música como interação social. Um meio de conhecer pessoas. Mais recentemente toquei, sim, por alguns meses com o Hierofante Purpura e foi um enorme prazer por admirar as músicas deles. Isso aconteceu pois o guitarrista deles viajou para a Europa e através da agência de shows da minha ex-namorada eles tinham algumas datas marcadas - e, mais importante, queriam continuar a fazer shows ininterruptamente. Mas banda mesmo… Eu tenho o Debate. Eu e o Claudio estamos compondo músicas que em breve vamos lançar. Mas a minha única banda é o Debate.


3.Vocês tem noção do quanto a Diagonal foi influente no Rock nacional?! Inclusive em bandas atuais?! Digo isso porque membros de bandas como Calistoga, O jair Naves, etc., se dizem influênciados. Voces imaginavam que a banda causaria tanto estrago?!


Claudio > Sério? Não tenho muita essa impressão. Até pelo contrário, tenho a impressão que o Diagonal é bastante desconhecido e não tem nenhuma ou muito pouca influência. Esses dois discos são audíveis até hoje - mas nunca fizemos tanto show para divulgá-los.

Sérgio > Honestamente, não tenho noção. É uma surpresa genuína e muito gratificante ler suas palavras e por vez ou outra encontrar alguém que concorde com você. Sempre me deixou muito resignado, como o Claudio mesmo colocou, que como banda nunca tenhamos feito todos os shows que poderíamos ter feito. As circunstâncias nas vidas de todos nós como integrantes e até mesmo uma boa dose de, como escrevi há pouco, falta de noção sempre afastou o Diagonal da possibilidade de perceber as pessoas.


4. Qual sua opinião sobre o download?! ja que voce alem de musico tambem ja foi dono de selo?! Como voce vê o download e qual a importancia dele na musica indepedente?

Sérgio > A minha opinião é simples: O download é o meio mais popular de consumo e nunca houve qualquer paralelo considerando outros meios que possa ser encarado como equivalente. Muitas vezes enquanto mantive a Amplitude funcionando as pessoas vinham comprar discos em um show e, diante da "baquinha", pensavam em voz alta "ah, vou levar só esse porque esse outro já baixei" ou ainda um amigo ainda respondia "ah, nem precisa que eu já baixei esse e te passo". O download é um problema? Não, realmente. A razão daquelas duas pessoas terem ido ao show na verdade se deve ao fato de que fizeram o download da música que gostaram e foram até ali para assistir ao vivo. Eis como o download é, de fato, importante. A questão me parece ser o consumo em si. Não estou falando do raciocínio raso do sujeito que diz "ah, mas se eu gosto eu compro" mas, fundamentalmente, de estrutura. Porque não há dinheiro algum circulando em nada e nenhum lugar, como os artistas devem se organizar para existirem? Não é uma resposta fácil. Muito menos uma defesa das gravadoras.


5. Voce ainda acredita no formato do trabalho fisico?! Cd, EP, LP?! Por sinal, qual seu formato preferido para lançar a musica?!

Sérgio > Eu gosto do CD. De verdade. É um formato democrático - e que, afinal, justamente por ser a primeira mídia digital permitiu a cópia e compressão. No final, você FAZ um CD se você quiser. Você não faz um LP em vinil no seu computador. Eu ainda compro CDs, sempre pela internet e em uma escala acessível para o bolso. Compro LPs quando sou fã de determinado disco por procurar a referência específica que só o analógico oferece. EPs são importantes desde que a banda e/ou artista reconheça estrategicamente sua função diante do seu próprio processo de produção artística. Um exemplo típico de consumo: vi na semana passada um show inacreditavelmente bom de uma banda canadense chamada DD/MM/YYYY. Ao final do show, eles vendiam CD, LP - e CASSETE!!! - comprei tanto o CD quanto o LP. Já escutei várias vezes o CD mas não ainda o LP. Por que? O LP demanda um certo tipo de reverência. Você pára e escuta música. Eu ainda não tive tempo para reverenciar a música deles deste jeito, no meu quarto, com calma. Mas peguei o CD e deixei no carro. Antes disso, joguei as músicas para o computador. E… É assim, hoje é assim.


6. Ainda existe espaço pra selos independentes no país?! O que se vê são selos trabalhando como agentes de bandas e etc, como voce vê essa transição?!


Sérgio > A transição começou quando não se fala mais em selos e sim em agências. O show é o produto aqui no Brasil e em qualquer lugar do mundo. Selos sempre precisam de distribuição e as opções de distribuição nacional nunca foram animadoras. Acho que cada vez mais vamos ver bandas auto-gestoras. O resultado musical poucas vezes me impressiona - pois, na minha opinião, as bandas sempre procuram algum tipo de adequação, algum tipo de "criatividade bem referenciada".


7. Tendo participados de tours no Brasil e no exterior, voce vê realmente muita diferença entre as tours?! Quais as bandas mais relevantes com a qual tocou nessas tours?! Lembro que alguém da Diagonal/Debate tocou com a Faraquet...

Sérgio > Minhas bandas norte-americanas favoritas que ajudaram o Debate nas turnos são o We Versus The Shark, Calumet-Hecla e o Low Red Land. Todas bandas pequenas em notoriedade mas poderosas ao vivo. O Faraquet, na verdade, veio para o Brasil em outras circunstâncias e quem tocou com a própria banda foi o Richard, baterista original do Diagonal. Tocar nos EUA e tocar no Brasil - bem, tocar em qualquer lugar fora do Brasil, realmente… - tem toda uma diferença. A diferença tem a ver com respeito. No exterior, todos respeitam alguém que vai tocar música. Se esta pessoa ou banda tocar uma música que agrade, todos tem respeito pelo quanto isso está custando e apóia de todos os jeitos - já ganhei cesta de frutas, uma nota de 100 dólares em pura doação… Mas, acima de tudo, o respeito que eu ganhei tocando fora do Brasil é muitas vezes incomparável.

Debate em Ribeira Preto (Groselha Fuzz, 26/09/2008)


8. Voce me disse que a Debate ainda tem música pra queimar. A banda ainda existe, é isso?! Qual seria a formação?! Quando sairia um novo trabalho?!

Sérgio > Não há uma formação fechada ainda. Estou tocando com dois amigos, pianista e baixista. Estamos trabalhando em músicas sob uma abordagem 150% diferente do que fiz anteriormente com o Richard, o Ian (1º baixista) e o Marcelo (2º baixista). Certamente ainda este ano vamos voltar a fazer shows e lançar o que será o 1º disco da banda. Tem sido uma das minhas melhores experiências criativas, estou muito satisfeito de estar delineando algum tipo de continuidade para o Debate.


9. Pra finalizar, agradeço pelo tempo cedido e peço para falar um pouco do que anda fazendo agora. Tocando com quem?! Produzindo quem?! Manda a ideia ai pra quem acompanha seu trabalho nas diversas bandas da qual fez parte...

Claudio > O Diagonal talvez volte esse ano, já temos umas 30 músicas em formato demo-tape, esperando para serem lapidadas e gravadas.

Sérgio > Pois é. Eu e o Claudio voltamos a compor há um ano e temos vontade de fazer novas músicas com o Diagonal. Ainda é uma questão em aberto exatamente como. Estamos nos concentrando no desafio de nos encontrarmos com organização para finalizar tudo. Quanto à produção de terceiros, finalizei há cerca de um mês EPs do Some Community e do Refluxo - banda atual do Marcelo que tocava comigo no Debate. E o próprio Debate, como já disse acima, logo vai mostrar novidades também.

Obrigado pelo interesse e espaço, abraços.

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domingo, 25 de abril de 2010

Como foi o Lançamento Natal Rocks 2!






COBERTURA LANÇAMENTO DA COLETÂNEA NATAL ROCKS VOLUME 2


Com perigo de chuva afastando os mais incautos, no lançamento do segundo volume da compilação Natal Rocks Volume 2 – o título já diz quase tudo! – o que se viu ainda foi um bom público por volta de uma centena de almas roqueiras para prestigiarem cinco bandas do cenário potiguar. Aqueles que lá estiveram, foram ao local escutar rock. Ponto final.

Lá pelas onze, os AUTOMATICS iniciam a noitada com o guitar rock de sempre, com o meu pedal delay não querendo ligar, mas depois de umas negociações noctâmbulas voltou a funcionar. Show curto, cinco canções, nenhuma novidade, retorno de voz sumindo ao longo do show devido ao volume guitarrístico subindo paulatinamente e depois mais alguns cd’s vendidos na banquinha.



Em seguida, veio o quinteto CALISTOGA, retornando de São Paulo em pequena embora bem sucedida turnê de duas semanas. Som alto para variar, intróito instrumental e depois o espaço começou a encher de pessoas interessadas em ouvir uma das bandas mais barulhentas do RN. Tocaram uma nova, concentraram-se nas faixas dos dois últimos EP’s e ainda interagiram com a plateia, pois o show era curto e eles tinham que reduzir o repertório. Ganhou “Get together”. De novo, aquela barulheira no final.

Na sequência, o DISTRO fez talvez sua última apresentação antes da ida definitiva de Rafaum Costa (guitarra/vocal) para Mossoró. Calma lá, pois o grupo não vai acabar.

Rafaum vai para abrir em maio o Centro Cultural Quintura lá em Crater City. Mais um lugar roqueiro fazendo a ponte imaginária entre Natal e Fortaleza. Quanto ao Distro, os mesmos riffs hard rock sob influência power pop à la Hoodoo Gurus, só que desta vez com menos paradas entre as canções, o que agilizou a apresentação do quarteto. Destaque para “The death is waiting for you”.

Para finalizar, já que os BUGS – recém chegados do bom show no Abril Pro Rock – não puderam tocar por motivos paralelamente idiossincráticos (alô, produção! Alô, bandas! Informação vira ruído facilmente. Nada como um cronograma rígido para sanar adversidades), entra um dos novos nomes da nova safra potiguar, os BLINDERS THAT CAME FROM YOUR OLD TOWN. É isso mesmo, quase que não cabia no cartaz o nome do quarteto, que conta com Felipe (guitarra/voz) e Waldemar (bateria), ambos ex-Bandini, na formação.

Ainda se apresentando pouco na cidade e prestes a lançar seu primeiro EP, as guitarras tomaram conta do lugar na melhor equalização da noite. O baterista clamou logo por seu retorno na primeira canção, o que é justo. Ajustado, o som aconteceu de primeira, com os riffs e acordes viajantes – um cruzamento de Artic Monkeys, The Perfect Disaster e Warlocks – só que desta vez já para poucos, mas fiéis, roqueiros que ainda restavam no lugar. A banda promete e está com vontade de tocar por aí. Aguardem mais shows vindouros.

Natal ainda Rocks. A coletânea foi lançada pelo selo Dia 32 em parceira com a Xubba e o Coletivo Noize. O Volume 3 já está engatilhado, o que denota a produção constante do cenário potiguar.

Por Alexandre Alves (dublê de guitarrista dos Automatics, dublê de jornalista e


sonâmbulo nas poucas horas vagas de sua vida rocker)

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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Noite Noize 2: Lançamento Natal Rocks



ACONTECE nesta sexta-feira 23 de abril no Centro Cultural Dosol o lançamento da segunda edição da "Coletânea Natal Rocks", o som começa ás 22 horas com o rock indie do Blinders That Came From Your Old Town e segue noite a dentro com os já conhecidos do Distro, Calistoga, The Automatics e Bugs, a entrada é apenas 5 reais.
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sexta-feira, 9 de abril de 2010

HominisCanidaee - Entrevista Carlos Dias (Carlinhos)...

Seguindo a série de entrevistas que estamos fazendo sobre figuras do mundo da música que influenciaram ou influenciam boa parte das bandas e pessoas que acompanham o Hominis. Se alguem quiser sugerir entrevista, chega la no blog e manda na caixa de mensagem.

O Paulo Marcondes fez uma entrevista com o Carlinhos Dias, da Polara, Againe, Caxabaxa e diversos outros projetos que você encontra la no blog pra download...

Provavelmente você já ouviu alguma música de Carlos Dias (Carlinhos). Não? Againe, Polara, Albertinho dos Reys, Caxabaxa, Diluentes, Tube Screamers? Te
m certeza? Em uma entrevista feita por e-mail, ele falou sobre as bandas, o que curte da cena atual, projetos futuros, se againe e polara irão voltar um dia e etc. Saca só:

1) Quantas bandas você já teve? Eu consigo lembrar do: tube screamers, againe, polara, albertinho dos reys, caxabaxa, walter e reys...

Olha, a contar do primeiro show, ou desde que mudei pra sao paulo em 88? Se for desde criança já forma muitas... Spektro, que era de heavy metal,isso tipo 85, o Esquem em Poa essa época era bem precário, só festival de escola, festa de dia das mães essas coisas...Depois cortei o cabelo em 87 pra poder tocar numa banda de hardcore , isso em Poa ainda....Mudei pra São Paulo em 88, andando de skate na rua conheci uns caras que tinham uma banda que tirava uns covers de anthrax, metallica etc... Toquei com eles por um tempo também. A banda não tinha nome, chegamos a tocar em um dos festivais do colégio equipe e mais alguma coisa. Eles seguiram mais tocando um deth extremo e eu sai, pq minha pegada era mais crossover, metal punk, etc... E também outras coisas da época que curtia tipo alien sex fiend, as coisas da sub por que tocava no programa do Kid Vinil... Esqueci uma parada. Em 90, toquei em uma banda chamada megaforce,de thrash... E a banda em Poa se chamava ridiculamente os sexomaniacos, e era tipo punk nacional, tipo influenciado pela coletânea ataque frontal,vikings are comig e punk finlandes. Conheci uns outros caras e montamos o Tube Screamers,gostavam só de Dag Nasty, Descendents, Melvins,e aquela parada todo que rolava la por 91,92...

O Tube Screamers foi a primeira banda de fato, gravar fitinha com capa, viajar pra outros estados etc. Trilhando por um caminho difícil porque a única banda que tinha no começo mas parecida com a gente era o Pinheads de curitiba.. Éramos banda Irmã do Muzzarelas de campinas, que nos proporcionaram bons shows, boas amizades. Em 95, montamos ao Againe, com a saída do Rubens,seguimos abanda colocando o Cesinha lost e o Fernando na outra guitarra...Com o Againe ainda existindo precariamente montei o Polara junto com o Rafael Crespo e o Sato. No começo porque tinha bastante musica o Againe meio parado, por causa de compromissos dos outros.... Ai o Polara seguiu um tempo, mas sempre naquelas de que cada um morava num pico né? O rafa no rio eu aqui o sato em osasco, e o marinho aqui também, mas agente conseguia levar ate. Depois comecei agravar minhas coisas sozinho,o Caxabaxa foi um projeto com o Adriano e com o Bruno Galan... Tem também o Matheus Walter, com que eu toco quando vou pra porto alegre. Não tenho muita pretensão de montar banda,pelo menos com objetivos de cds, merchans, etc... Como me mudei pra floripa, sigo gravando minhas coisas, afinal musica faz parte de mim, ela acontece, e seguindo os conselhos do meu pai que era musico de não virar musico (risos).


2) De onde surgiu o nome Albertinho dos Reys?

Eh o meu nome. Mas naquela pegada de cantor que inventava um nome artístico e etc... Meu nome é Carlos Alberto dos Reis Dias.


Video Clipe - Albertinho dos Reys - Vacilo Teu


3) Da cena independente atual, você acha que da para tirar algo? Não só do hardcore, do rock em geral

Olha, não querendo citar nada, mas em geral o que eh feito com o coração, com vontade de verdade eu curto mais do que o bem feito ou o bem tocado. Acontece que a intenção hoje é bem diferente... Uma galera já pegou o caminho aberto e chega querendo sucesso de um dia pro outro.. normal, as vezes ate acontece, mas é uma coisa fugaz,talvez mais a ver com os tempos de hoje... O resolve “ah sou artista!” ou ate como ouvi de um cara uma vez... “po ta mais fácil viajar com arte do que montando banda”. Mesmo se da na arte, uma pá de “dizainerzinho” só porque tem uma mínima noção de preencher um espaço com algo meio legal se acha artista. O buraco eh mais embaixo... Na nossa época todo mundo tocava porque gostava sabe, sem quere desmerecer que vir ali e etc... Mas aquilo de fazer por amor que dava o toque que eu gostava se juntar fazer a parada, etc... Hoje em dia vem um Rick Bonadio e compra todas as bandas que ameaçam o sucesso da bola de vez. Deixando na mão os que estavam dando grana pra ele há pouco tempo... A banda nacional que eu acho mais legal é o ELMA.


4) Quem acompanha seus trabalhos há um certo tempo, pode notar que você se distanciou um pouco da música. Essa é a intenção mesmo? Focar nos seus outros trabalhos, como a arte?

O processo criativo é o mesmo, isso pra mim é uma necessidade, externar as o paradas que absorvo, seja em forma de musica, de arte, ou ate cozinhando se fosse o caso. A questão é conseguir sobreviver fazendo o que se gosta. Na a arte eu posso fazer o meu trabalho sem depender de ninguém, se eu tiver sozinho eu pego uma bic e saio desenhando, ou uma tela, o processo é mais solitário... Mas o mundinho próprio mesmo...A menos que seja um mural com varias pessoas... Talvez através da arte, através do aoseualcance, teve uma aceitação maior entre diferenciados tipo de pessoas, velhos, crianças, ricos pobres etc. Tem mais alcance, e também melhor retorno financeiro,afinal preciso pagar minhas contas.

Mudei pra Florianópolis tem dois anos e não toquei com ninguém lá, só sozinho hibernando no quarto. Ia lançar um disco no fim do ano passado, dois aliás, mas o cara que ia lançar deu pra trás pondo tudo a perder... Um disco de Albertinho dos Reys e um do Walter e Reys. Esse tipo de coisa da desanimo sabe? É coisa atrás de cosia a vida toda. Então optei por fazer eu minhas coisas, no tempo que der e pronto. Ou seja,estamos num momento de vários neo empresários, celulares e etc,existe essa facilidade hoje em dia nas comunicações que é inegável... É muito difícil voce se dedicar a algo tipo um disco, é um filho sabe,as musicas, a ordem e etc... Ai fica capengando o porquê nego que lança sei la o que, ou pra a fabrica musical.... Fica aquela coisa, o cara gosta, quer fazer pra quem gosta, mas na hora mesmo isso não é suficiente, e prefere dar preferência pra sub sei la o que! Então decidi por mim o que eu sempre fiz, tocar as coisas por mim mesmo, trampar, ganha grana, quando der com as minhas coisas, porque depende dos outros é complicado. O cara que eu mais confio nesse meio e acho firmeza é o Fred da submarine, e as coisas que ele lança, complementando sua pergunta de cima... Hurtmold, bodes e elefantes, as bandas dos meus amigos (risos).


5) O que você acha dessa coisa de download na cena independente do rock nacional?

Não entendi direito ,mas sou adepto, e também tudo que eu faço eu ponho pra download,em algum momento.


6) Uma coisa que sempre intrigou bastante os ouvintes do againe (principalmente no sem açúcar) e no Polara são as letras. Como elas eram escritas? Todo mundo que eu conheço e gosta das bandas, diz que elas são bem urbanas.

Olha, sou de porto alegre, sou praticamente um caipira na cidade grande. Essas letras a maioria, foram escritas em momentos refletindo isso, a minha visão da cidade. No caso do againe ja vinha desde antes essa temática. Nunca soube escrever letra de protesto, então queria uma coisa da cidade, dos relacionamentos, das amizades, etc. Hoje em dia que mudei pra praia, que começo a analisar isso tudo... Talvez daqui um tempo tenha mais a dizer, porque isso ai foi como se fosse uns vômitos, uns throw ups. Tipo escrevendo no ônibus, na casa dos outros, nos banheiros, sempre que lembrava algo,nem que fosse duas palavras, um expressão,ainda bem que tenho esses registros que dizem muito sobre mim....


7) Todos os fãs do againe e do Polara se sentem "órfãos". Há alguma possibilidade dessas bandas voltarem?

Sei la. Voltar não, um show ou outro talvez de tempos em tempos todo mundo fala...Mas se for isso é só uma reunião.


8) O que você anda escutando de música?

Depois do torrent e dos blogs e da net tudo mudou né? Antigamente pra você gostar de algo, tinha que compra o disco. Hoje em dia ta ali no itunes ou aonde for, e muita gente com vergonha do shuffle... Eu realmente tento ouvir de tudo, vivo por épocas, o de sempre, e o que nunca tive acesso... É isso.


9) Eu queria agradecer pela entrevista e pelo tempo cedido, de coração. Aquela hora clássica: shows, contato, divulgação...

Fiz um soundcloud do Albertinho, show não tem nada, ta saindo meu site www.aoseualcance.com, aonde pretendo por uma parte da musica juntando minhas coisas todas. Estou trabalhando num documentario da vida do meu pai que era musico tambem... A coisa mais massa que apareceu foi uma fita k7 de 68, que ta postada aqui.

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