Profiterolis: Massa leve, pouco açucarada e recheada de cremes diversos
retirado do blog O InimigoA Profiterolis é uma banda de Recife que faz música, sem se preocupar com o rótulo onde encaixá-la. Privilegiam as letras e melodias, buscando valorizar a canção. A banda lançou em 2006 o single Licor de Jenipapo e o EP Troco. Em 2008, pouco antes da crise financeira assolar o mundo e Brasil diminuindo alguns editais de cultura, eles tiveram aprovado o projeto do álbum Pare e Siga no Programa Petrobrás Cultural, lançado em maio de 2009. Oito músicas desse novo trabalho estão disponíveis na Trama Virtual. A banda também possui gravações incluídas nos discos Tributo ao Álbum Branco dos Beatles e na série Letra&Música, em homenagem a Bob Dylan, ambos pelo selo Discobertas. A banda é composta por André Galamba (guitarra), Lara Klaus (percussão, violão e voz), Leonardo Guedes (bateria), Mateusi (baixo), Paulo Jr. (pandeiro, efeitos) e Tomaz Alves (voz, guitarra, violão, teclado).
Leia a seguir entrevista com Tomaz Alves.
Leia a seguir entrevista com Tomaz Alves.
Apesar de vocês dizerem que não possuem um estilo definido, ao ouvir 8 músicas do novo trabalho, o som me remeteu a algo mais pop, até a essa MPB mais renovada que alguns artistas estão levando a frente com bastante propriedade, como Marcelo Camelo. É isso mesmo?
Quando a gente diz que não tem estilo definido basicamente queremos dizer que não nos preocupamos em adotar um estilo ou formato para a partir daí trabalhar o repertório. A gente tenta privilegiar antes de tudo o que cada canção pede. Partir das idéias que já são sugeridas pela letra e melodia de cada canção. Dessa forma os estilos vão aparecendo e se definindo e o ouvinte vai notando uma ou outra referência. O que a gente tenta fazer é propor uma troca: o ouvinte escuta e decide, antes de qualquer coisa, se gosta ou não gosta (risos). Se ele gostar, vai certamente achar parecido com alguma coisa que ele já ouviu e gosta também. Mas a banda não sugere de antemão que tipo de som ou referência está ligado a cada faixa do disco. Até mesmo porque a gente coloca muitas idéias no mesmo pacote e tenta tomar cuidado para não deixar o resultado final confuso. Obviamente nós temos nossas referências e nos valemos delas para trabalhar as composições e os arranjos, mas acho que em música você termina sendo mais bem sucedido se conseguir desenvolver as idéias de tal forma que a própria música se explique, sem precisar posteriormente “dizer” a que estilo pertence, ou a que público se dirige. Eu, como compositor principal da Profiterolis, posso dizer que escuto música brasileira, rock ‘n’ roll, soul americano dos anos 60/70, jazz, reggae, entre outros tipos de música, e que sou informado no momento de compor por todo tipo de som que escuto. Mas quando escrevo tento me concentrar principalmente em fazer uma boa canção. Depois a banda pega a canção e nós vamos escolhendo quais as melhores idéias pra dar corpo para ela.
Quando a gente diz que não tem estilo definido basicamente queremos dizer que não nos preocupamos em adotar um estilo ou formato para a partir daí trabalhar o repertório. A gente tenta privilegiar antes de tudo o que cada canção pede. Partir das idéias que já são sugeridas pela letra e melodia de cada canção. Dessa forma os estilos vão aparecendo e se definindo e o ouvinte vai notando uma ou outra referência. O que a gente tenta fazer é propor uma troca: o ouvinte escuta e decide, antes de qualquer coisa, se gosta ou não gosta (risos). Se ele gostar, vai certamente achar parecido com alguma coisa que ele já ouviu e gosta também. Mas a banda não sugere de antemão que tipo de som ou referência está ligado a cada faixa do disco. Até mesmo porque a gente coloca muitas idéias no mesmo pacote e tenta tomar cuidado para não deixar o resultado final confuso. Obviamente nós temos nossas referências e nos valemos delas para trabalhar as composições e os arranjos, mas acho que em música você termina sendo mais bem sucedido se conseguir desenvolver as idéias de tal forma que a própria música se explique, sem precisar posteriormente “dizer” a que estilo pertence, ou a que público se dirige. Eu, como compositor principal da Profiterolis, posso dizer que escuto música brasileira, rock ‘n’ roll, soul americano dos anos 60/70, jazz, reggae, entre outros tipos de música, e que sou informado no momento de compor por todo tipo de som que escuto. Mas quando escrevo tento me concentrar principalmente em fazer uma boa canção. Depois a banda pega a canção e nós vamos escolhendo quais as melhores idéias pra dar corpo para ela.
Você acha que as bandas hoje estão se apressando muito em lançar os discos?
Você diz se apressando muito em lançar o primeiro disco? Ou em lançar material novo com maior frequência?
Não. Antigamente o disco era um produto final, hoje muitas bandas já aparecem com um disco debaixo do braço. Isso se deve também ao fato da comunicação ter se tornado mais rápida, urgente. Os festivais querem ouvir o myspace da banda. Mas muitas vezes elas acabam logo em seguida. Do ponto de vista técnico hoje em dia é mais fácil gravar um disco porque a banda tem uma série de facilidades à disposição. Com um computador razoável e os softwares certos você pode produzir sua própria gravação. Por outro lado, para fazer uma boa gravação ainda conta muito o trabalho de profissionais experientes em áudio. Acho que a presença de um produtor musical é importante, bem como tentar usar o melhor suporte técnico, um estúdio bom, bons microfones. Hoje em dia, a velocidade da troca de informação meio que obriga as bandas a gravar logo para ter algo pronto para divulgação e nem sempre isso anda junto com qualidade, fora que as pessoas já se acostumaram a ouvir o som com uma perda absurda de qualidade sonora por conta do mp3. Eu não saberia dizer se as bandas se apressam muito para gravar seu material, porque cada banda enfrenta situações diferentes. Por outro lado, acho que não faria mal nenhum tentar trabalhar com um pouco mais de paciência e menos pressa. (risos)
Vocês optaram por regravar algumas músicas. Isso foi fruto de um amadurecimento e percepção de que as músicas poderiam ficar melhores?
Nós gravamos o nosso disco mais recente ao vivo num teatro. Captamos todas as faixas com todo mundo da banda tocando junto e ao mesmo tempo. Porém, nos moldes de muitos discos que foram feitos nos anos 60 e 70, gravamos sem platéia. Ao fim de dois dias de gravação, fizemos um show gratuito e aberto ao público e gravamos o show também. Como já havia um espaço longo desde que gravamos nosso primeiro EP, resolvemos regravar as músicas do EP com arranjos novos de certa forma mais despretensiosa. E incluímos estas músicas, tiradas do show, como faixas bônus no disco novo. Foi uma forma que encontramos para divulgar novamente estas canções mais antigas que nós sempre tocamos nos shows e também de registrá-las de novo, porque nós estamos sempre mudando levemente os arranjos das músicas para tocá-las ao vivo. Já tem música do disco novo que nós já mudamos o arranjo! Eu pessoalmente gosto mais das novas versões e concordo que a banda melhorou e amadureceu desde o primeiro EP.
Você é o compositor principal, em que se inspira para fazer as músicas?
Minha relação com a música corre em paralelo com meu interesse pelo cinema. Quando vou compor uma canção partindo da melodia sempre tento intuir alguma imagem ou conceito a partir do qual a música pode surgir. E aí pode ser muita coisa. Posso pensar num quadrado, num triângulo, num círculo, porque meio que desenvolvi uma forma de pensar ideias musicais que para mim são mais redondas, mais quadradas, menos redondas, e por aí vai. Isso não explica muita coisa, provavelmente não explica nada (risos). Porque o que aconteceu comigo é que eu precisei desenvolver um jeito de compor sozinho porque não estudei música. Na prática precisei desenvolver meus próprios conceitos, bem como minhas próprias fórmulas. Já se a canção parte da letra, preciso que a letra me estimule de alguma forma. Pode ser uma frase, uma expressão, uma cena de um filme que eu lembro a partir do texto. É difícil para mim tentar explicar isso. Resumindo, meu objetivo é formatar minhas idéias e tentar dar corpo a elas de uma forma que seja reconhecível aos outros, e aí entra meu interesse pela música pop, pelo formato da canção popular: letra e melodia funcionando juntas para criar uma outra coisa, que seria a canção. Então faço isso pensando em construir melodias bonitas (dentro da minha idéia de beleza) e letras coloquiais, sem pretensão poética, porque não escrevo poesia.
Recife é uma cidade grande, com muitas bandas, muitos estilos. Qual é a recepção para vocês? Já tem um público formado?
Eu percebo que já existe um grupo de pessoas acompanhando a gente, mas não sei te dizer se a Profiterolis já tem um público formado. Eu espero que sim, e que ele aumente! Recife é um lugar interessante, existem muitas bandas, existe interesse do público e dos jornais e outros meios de comunicação em divulgar os trabalhos das bandas, algo que não ocorria lá pra 1993, 94… Por outro lado, não vejo um mercado formado para consumir entretenimento em Recife. Existem sim, casas de show e bares, mas o público que frequenta esses lugares prefere ouvir mais do mesmo, não está disposto ou não se sente estimulado a ouvir uma banda com repertório inédito autoral. Termina que as bandas precisam esperar que o Estado financie formas de tocar, em festivais e festas abertas ao público. E são nesses momentos que uma parcela das pessoas toma contato com a música, quando pode ouvir de graça numa grande festa, e no meio de outras atrações. Logo não existe muito foco, algo que não é bom para um lugar com tantas bandas e artistas de estilos diferentes.
O que você acha do circuito de festivais independentes? Sem eles seria possível as bandas circularem hoje?
Os festivais independentes são indispensáveis. Sem eles ninguém pode perceber a possibilidade de retorno econômico no investimento em cultura. No caso, investimento no trabalho das bandas independentes. Em lugares de situação econômica melhor, como os Estados Unidos, isso já está comprovado. Não existem mais as gravadoras com o poder que elas tinham antigamente, então os artistas estão saindo de gravadoras e sendo contratados ou patrocinados por empresas privadas quem vêem neles a possibilidade de retorno e lucro. As coisas vão mudar lentamente. Por enquanto, lá fora, isso tem acontecido com grandes empresas privadas investindo em artistas de renome internacional como Paul McCartney, Maddona, Prince, que são certeza de sucesso. No Brasil um exemplo é o disco mais recente de Lenine que foi patrocinado pela Natura. Pode ser que no futuro essa compreensão também atinja empresas menores interessadas em trabalhar com artistas menores, ou menos conhecidos. Taí outra questão complicada, ainda mais para um país com tantos problemas como o Brasil. A Profiterolis teve muita sorte, tivemos um projeto aprovado pelo programa de cultura da Petrobrás para gravar o disco, e isso pouco antes dessa recessão atual…
Vocês tem empregos paralelos a banda ou vivem dela?
Infelizmente ninguém vive da banda. Alguns na banda tem empregos mais formais, outros trabalham com música de forma direta ou indireta. Eu faço música para a banda e também sou contratado de quando em quando para fazer trilhas para cinema, dança. O baterista, Leo, trabalha com divulgação de softwares livres, entre eles softwares com aplicação para música. Mateusi, baixista da banda, toca em outras bandas como Chambaril, Catarina Dee Jah, e toca numa orquestra em Recife. Lara Klaus está concluindo o curso de música na UFPE e é contratada para tocar com outros músicos de Recife de quando em quando.
Após o lançamento do disco quais os próximos passos da banda?
Queremos divulgar o disco da melhor maneira possível. Já estamos distribuindo ele na internet, vai ser vendido em lojas. Vamos tocar em João Pessoa e Natal ainda este mês, e esperamos ampliar o nosso raio, saindo para tocar em outros lugares do país. A banda já existe há algum tempo, mas na prática nunca tocamos fora de Recife.
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