sábado, 27 de junho de 2009

Sala de Tortura - A nova cara do rock natalense













Por Equipe O Inimigo

Duas figuras bem conhecidas do cenário roqueiro da cidade e uma promessa. Pelo menos, é o que dizem. Se chamarmos eles de Gustavo Rocha, Rafael Cunha e Pedro Victor muita gente não conhecerá, mas se mudarmos para Macaco, Rafaum e Xupa, é outra história. Macaco é baixista do Calistoga e Rafaum, vocalista e guitarrista do Distro. Os dois também integram o coletivo Noize. Já Xupa é guitarrista do Fewell, banda que começou com um som calcado em Get Up Kids e Superchunk e agora investe em algo que se aproxima do grunge. Em comum os três estão lançando discos no mês de junho, todos pelo selo Xubba Musik. O Inimigo conversou com os três num bar, como sempre, sobre cena, turnês, dedicação, casa de show, crescimento e outros assuntos. Confira abaixo.

Hugo Morais – Gustavo, comece falando das mudanças do Calistoga.

Gustavo Rocha – Esse disco ainda é com a formação antiga, a gente ainda não produziu nada com a formação nova. Desde o começo a queríamos ser uma banda experimental, mas éramos um bando de moleques sem saber tocar porra nenhuma. Fomos aprendendo a tocar, conhecendo bandas, e fomos gravando. Foi um processo muito importante pra gente de amadurecimento. Quando a gente terminou o Normal People’s Brigade a gente viu que já estava tendo o controle do que a gente queria na gravação. Por exemplo, se eu quisesse deixar um baixo mais agudo eu sabia que botando a caixa de tal jeito e usando tal baixo ia ficar do jeito que a gente queria. Aí, percebemos que estávamos maduros o suficiente para gravar. Mas a gente sempre quis buscar essa sonoridade mais experimental. Por exemplo, a gente sabia que ia ter o sintetizador, sabia que ia ter efeito de vocal. Só que Dante Augusto, [ Guitarra e voz do Calistoga] tava tocando, cantando, fazendo efeito de voz e usando o sintetizador, era praticamente um polvo. Ficamos naquela de vai ter a versão gravada e a versão de banda. Aí começaram alguns problemas, até chegar a saída de Fernandinho [bateria]. Quando a gente conversou com Fernandinho, essa turnê que vai rolar agora pelo Rio e São Paulo era pra ter rolado em março, pelo menos a gente tinha proposta de fazer em março. Mas ela foi adiada porque Fernandinho não ia poder na época. Então a gente marcou pra julho e ele também não ia poder. Então a gente viu que ele não estava tão disposto ao compromisso como a gente. Então foi uma conversa bem na paz.

Tiago Lopes – Aproveitando o gancho, houve uma reunião em que vocês disseram que para estar no Calistoga tinha que ter dedicação total?

Gustavo – A gente tinha outras bandas, projetos que acabaram engolindo nossa banda. O Camarones cresceu legal, o Sinks tinha uma turnê em março. Não que tenha atrapalhado, mas a gente tinha muito problema de agenda. A gente tinha um acordo que era: fechou primeiro, tem prioridade. Só que é um pouco desonesto fazer isso com Foca. (risos) “Fechei o ano inteiro, pode marcar o show que você quiser, mas…”. Começou a rolar essa dificuldade. Quanto a
saída dos meninos da banda, essa conversa das prioridades foi depois da saída de Dante do Sinks. E a gente sabia que Foca ia querer conversar com a gente. Ele chamou Henrique [guitarrista do Calistoga] e Dante e queria conversar. Então a gente já previu isso. E é complicado você ter a banda que gosta, mas saber que o Camarones tinha mais futuro, pelo menos do que o Calistoga teria naquela época. Já tinha uma escada feita, era só ir caminhando e lutando para subir os degraus. Quando rolou isso a gente falou: “Vamos nos sacrificar pra fazer e acontecer mesmo, porque é a banda que a gente gosta”. Não que não possa ter outra banda, mas que saibam que o Calistoga é prioridade.

Alexis Peixoto – Comparando com a sonoridade que vocês conseguiram nesse disco novo, você se sente satisfeito com as gravações anteriores?

Gustavo – O Normal People’s Brigade é o CD que a gente terminou e ficou mais satisfeito. O New Way To Say ficamos muito satisfeitos mais pelo retorno. Porque a gente tinha feito uma gravação de dez músicas e quando escutamos decidimos não lançar. A gravação não estava no nível e as músicas não estavam tão maduras. Então começamos a ensaiar muito, a banda começou a virar banda e depois a gente decidiu gravar, fazer uma coisa legal e saiu o New Way To Say. A banda conseguiu o festival, conseguiu ter um público. Mas não era ainda o que a gente queria. Dante estava lá em casa e estávamos comentando que o Still Normal é o nosso CD que estamos escutando mais.

Hugo – O Distro também passou por mudanças, até pela aquisição de melhores equipamentos. Rafaum fale um pouco sobre a evolução da banda.

Rafael Cunha – Isso é essencial para uma banda. O cara tem que ter um equipamento bom para passar o seu som da melhor maneira possível. Se o cara tem uma guitarra meia boca e um pedal massa dá uma resolvida, mas se é tudo ruim não rola não. A gente tem pouco tempo que começou a investir nisso, em pedal, em guitarra, em cabeçote, e as coisas foram melhorando muito. Até mesmo para compor é melhor. A gente gosta muito de se reunir com os caras, tocar violão, fazer um churrasco, e é daí que sai o esqueleto das músicas. A gente era uma banda que não gostava de ensaiar e hoje se a gente não ensaiar uma vez na semana ficamos doente.

Alexis – Como foi essa decisão de gravar em inglês?

Rafael – A gente quis experimentar. Porque a gente escuta muita coisa gringa, a maioria do que a gente escuta até hoje é gringo. E tem muita banda daqui do Brasil que a gente gosta que também canta em inglês. A gente sempre teve curiosidade, mas nunca achávamos que tínhamos a manha, a maturidade. Daí com o [EP] Tétano a gente ficou muito satisfeito. A gente conseguiu altos shows legais, convites legais. Depois do Tétano decidimos fazer alguma coisa em inglês para ver como saía. E a gente fez esse disco muito rápido, tanto que não faz nem um ano que lançamos o Tétano, com oito músicas. A gente já tinha decidido que ia lançar esse disco em inglês, mas não tão rápido. Mas aí começamos a ensaiar, a fazer as músicas, foi rolando, o gordinho [Vinnicus Menna, guitarrista e vocalista do Distro] passou tudo pro inglês…

Alexis – As letras já existiam em português e vocês traduziram, verteram pro inglês.

Rafael – Não, não. A gente já fez a primeira a melodia e decidimos fazer em inglês. Aí fizemos outra e foi saindo. E
decidimos fazer a temática desde o início. Três faixas como uma parada popzinha mais indie rock e outras três mais rock’n’roll, com punk, hard rock. As timbragens foram todas na gravação, não botamos efeito, nada na mixagem. Gravou chorus, delay, drive, dobrava a guitarra, tudo no estúdio, na hora. Queríamos mexer o mínimo possível. na mixagem E mixamos com Dante e Henrique que são roqueiros também e sacam a banda desde o início. Com certeza rolou uma competição bem massa do som que a gente quis tirar e o que saiu. Podia ter gravado num lugar foda e não chegasse metade do que a gente quis.

Alexis – Vocês acham que cantando em inglês podem conseguir uma recepção maior?

Rafael – Já está tendo. A gente mandou para uma galera de fora, amigos de selo e tal, e a galera está elogiando. Mas teve também gente que disse que prefere em português.

Tiago – Vocês falaram que estão mais preocupados com a qualidade, de fazer melhor. É toda uma questão de maturidade. Vocês pensaram: “Vamos fazer uma coisa legal agora, bem feita”?

Rafael – O cara já está há tanto tempo nessa se fodendo, que quer melhorar.

Gustavo – Você sabe que se você é uma banda que ensaia uma, duas vezes por semana, vai ter um show bom. Você conhece todo mundo da banda, é entrosado, e sabe que quando chegar com uma base vai rolar porque todo mundo vai tocar.

Tiago – Talvez seja porque vocês estão ficando mais velhos também.

Rafael – Com certeza. O cara vai conseguindo chegar na identidade com um tempo. A gente já aprendeu. Tem que esperar, continuar tocando, insistir. Senão o cara vai desistir, vai arranjar uma namorada gostosa vai largar a banda. A verdade é essa. Ou então vai arranjar um emprego irado, passar num concurso foda e vai embora. Isso não é uma coisa que o cara escolhe não, é o rock que escolhe o cara.

Hugo – Pedro, você é o mais novo e o Fewell a banda mais nova também. Recentemente, a banda sofreu mudanças. Fale um pouco sobre elas e sobre o direcionamento que a banda tem agora.

Pedro – Quando a gente começou tinha uma proposta totalmente diferente do que essa gravação de agora. A banda tem três anos. Quando a gente começou eu tinha dezoito e hoje tenho vinte e um. É uma mudança muito grande. A gente sempre tocou um som, mas ouvia coisas mais diferentes. As coisas aconteceram porque chegou uma hora que decidimos que queríamos fazer outro som e não fazer outra banda. Até porque a gente já tinha uma breve carreirinha e pra conseguir tudo de novo… A gente sempre mudou o som conversando, experimentando. E esse ano foi o ano que decidimos nos dedicar a banda. A gente passou de um para três ensaios por semana. A gravação demorou quatro meses. Até quando não tinham as reuniões da banda a gente estava enclausurado, imaginando coisas.

Alexis – Você se sente satisfeito com a roupagem anterior da banda, com o registro do primeiro EP?

Pedro – Eu sinto. Apesar de que antes era eu que cantava e com certeza eu não canto bem. Eu canto bem pior que o nosso vocalista. O que eu acho legal são as composições que eu fiz, eu acho elas legais. Na época da gravação nós não tínhamos maturidade e não sairia melhor do que aquilo não. Os caras sempre ajudaram com tudo, apoiaram. O selo
Xubba [Musik] foi o que fez a banda crescer. A gente praticamente nasceu com os caras, os primeiros passos que a gente deu foram irrisórios perto dos que demos depois que entramos no selo.

Hugo – Vocês do Fewell tem a mesma preocupação que Gustavo e Rafael em sempre estar aprendendo? Saber o que estão usando?Pedro – Temos. A gente busca ter coisa boa. Equipamento legal. Mas eu acho que a mudança maior é na cabeça da pessoa.

Tiago – Vocês chegam pra banda e dizem: “Ó, o salário esse mês vai para tal coisa”?

Rafael – Não, isso é muito individual. Mas a gente sempre bota pilha.

Gustavo – No Calistoga essas coisas são bem conversadas. Tem pedal que a gente sabe que não está ajudando. Henrique por exemplo tem um pedal que só usa na metade da metade do terço de uma música. Aí a gente fala: “Pô Henrique, porque você não vende esse pedal e compra outro que vai ajudar mais ?”. A gente comprou o sintetizador, só que para viajar não rola. A gente foi viajar agora, cinco nêgo num carro e duzentas mil tralhas. O sintetizador eu acho que agora já vai rodar. Vamos comprar um notebook, usar um programa.

Alexis – As três bandas estão lançando discos físicos. Ainda vale a pena investir no formato?

Gustavo e Rafael (ao mesmo tempo) – Vale!

Gustavo – Primeiro eu vejo pelo romantismo de você ter seu material. E quando vou a um show e gosto da banda ,vou atrás do material dela. E gosto de pegar em casa e ouvir, ler [o encarte]. E é o cartão de visita. Como você vai chegar no show e dizer pro produtor: “Entra no site da minha banda”?

Rafael – O cara dá o CD e eles nem semprem escutam. Quanto mais se disser entre no site. O cara tem que chegar com o portfólio.

Pedro – Eu estava meio desacreditado com esse negócio de CD. A inclusão digital estava limando isso. Mas um colega meu me falou que a mp3 está lá num bolo de músicas e vai se perder. E o CD não, estará lá na prateleira.

Alexis – Mas comercialmente é viável ainda?

Rafael – Vende legal. O cara não fica rico, mas faz mais.

Gustavo – Lógico que você não vai fazer uma tiragem de 2000 discos. Até porque moramos em Natal.

Hugo – Vocês também buscam ter uma arte legal, também é parte dessa idéia de ter o disco físico não é? Lançar tudo com qualidade.

Rafael – É porque como a gente gosta de ver um CD bem feito, a gente procura fazer o mais perfeito possível. Macaco é sempre o salvador do Distro, sempre conversamos e ele sempre bota o dedo dele violentamente. E sempre é bem sucedido. Sempre tem uma temática que a gente gostaria de ver nos outros também. Não ser apenas mais um CD, o cara ver e achar irado.

Gustavo – Eu sou bem chato com a parte de arte. Eu gosto de ver uma arte legal. No CD a gente sempre tenta seguir o conceito do que as músicas estão falando e momentos que a gente está vivendo. No CD passado a gente começou com essa brincadeira de ir contra o que se está falando e esse mais ainda. Ele fala muito do que rolou nos últimos seis meses, não tem coisas à toa, são coisas que a gente viveu e passou muito para esse CD. O nome do disco ser Still Normal é porque a gente ainda é o mesmo, por mais que a gente tenha experimentado, ainda somos os mesmos caras. E a capa está feia, tosca, porque é assim mesmo. Nós continuamos normais, continuamos do jeito que a gente sempre foi, tosco, mas tentando ser melhor. Não tentamos entrar no padrão de qualidade que alguém diz, o nosso padrão é esse. Se soou tosco, pelo menos tem uma identidade nossa. Não é o mesmo CD que foi gravado no mesmo lugar e masterizado em tal lugar, igual de todo mundo.

Hugo – As coisas estão mudando para melhor, mas eu acho que as bandas daqui são muito limitadas. Tem poucas atuantes, muitas que circulam, aparecem e desaparecem, e poucas sobrevivem. Vocês acham que a experiência de vocês vai ficar, é uma semente pro que vem, ou as duas coisas?

Rafael – Eu acho que as duas coisas.

Gustavo – Quando começou a idéia do
coletivo (Noize) a gente tentou somar uma idéia que não tinha muito na época, juntar as artes em geral com a música que já tinha nos nossos eventos. O Lado [R] trabalha junto com a Xubba, trabalha junto comigo e eu trabalho junto com outras pessoas. Por que não pode virar um organismo de verdade que pode ficar mais forte, mais organizado? Vou chegar na Prefeitura, pedir um patrocínio para um evento e o cara: “Você fez quantos shows? O que você faz depois do show? O que dá de apoio as bandas?”. Não tinha isso. Estamos tentando fazer isso e acho que deu para notar que nós começamos num ritmo e ele caiu muito. Está rolando um nível de comprometimento, mas eu não posso entrar com essa cobrança com nossas bandas, eu levo para o coletivo. A gente não está se juntando só com banda, estamos nos juntando com quem tem interesse em música independente em geral. Pode ser design, pode escrever. Eu vou querer alguma coisa em troca, mas não é como se eu pegasse sua caixa hoje e amanhã emprestasse a minha. É uma prestação de serviço que você sabe que quando precisar essa pessoa vai estar lá, não porque você ajudou a ele, mas porque ele está lá para isso, para trabalhar e fazer funcionar mais do que funciona hoje. A gente está tentando criar uma movimentação. E se cinqüenta caras estão tentando fazer uma coisa funcionar, com certeza é melhor do que cinco. Tem que mudar essa mentalidade.

Hugo – Pedro, você vê que o pessoal das bandas mais novas tem esse comprometimento?

Pedro – Eu não sei em relação as outras bandas, mas falando por mim, eu acho extremamente importante. A situação é difícil e vai passar ainda um bom tempo sendo, mas serão muito mais complicadas se não tiver esse tipo de incentivo, de atitude. É louvável. Nesse negócio de independência você não é independente sozinho. Minha banda é independente que depende dos independentes. O que eu posso fazer, e o que eles podem fazer para ajudar, fazem.

Alexis – Falando nisso, vocês acreditam nessa história de movimento, da existência de uma cena “de Natal”?

Rafael – Não existe uma cena, existe uma movimentação que está ficando organizada. É muita viagem isso aí.

Gustavo – É muito ultrapassado. A gente houve falar, mas ninguém nunca viu. A gente viaja para Recife e os caras falam: “Pô, a cena de Natal é foda”. Eu digo: “Vá pra lá”(risos). Aí eu chego em Recife e acho que lá é foda. Aqui não tem uma cena.

Pedro – Aqui em Natal rola show de rock quase todas as vezes no mesmo local, mas em SP todo sábado tem umas oito casas tocando…

Hugo – Entrevistamos Sandro Garcia outro dia e ele falou bem e mal sobre isso.

Gustavo – Você tem espaço para chegar lá, mas tem muitas outras opções. Você saca 15 bandas de São Paulo que você acha massa, quer muito ver o show, e sete tocam no mesmo dia. E agora?

Pedro – Aqui em Natal o pessoal vai, escuta uma, duas músicas e sai. Lá a banda é a atração.

Gustavo – E em Recife o pessoal é muito educado. Pára para ver mesmo.

Hugo – E por que as bandas daqui não conseguem levar púbico aos seus shows?

Gustavo – O DoSol não tem público, tem banda. São bandas que vão ver outras bandas. Se for ver na régua mesmo, tem dez curiosos.

Tiago – Depois do racha das bandas, Foca restringiu alguma coisa para vocês? O espaço no DoSol, por exemplo…

Gustavo – Algumas coisas sim e outras não. O DoSol por exemplo é muito aberto às bandas. Quem fala que não consegue tocar no DoSol, que tem panelinha, é mentira. Tem modelos de shows que podem sair mais barato, questão de horário, tocar embaixo [do palco]. Lógico que tem as políticas de bar. Bandas novas tem que tocar no [Festival] Novas ou se juntar pra tocar. O Novas tem que pagar, mas é revertido em ingresso. Ou vende ou então dá aos amigos. É positivo, ninguém obriga você a tocar lá. Você toca porque quer.

Rafael – E na nossa época não existia isso não. Pra tocar tinha que ser amigo dos caras ou fazer o rolé sozinho. Hoje tem o Novas e tal.

Gustavo – Hoje as bandas novas já estão mudando a cultura, indo atrás de tudo. O que são dez pessoas pra você levar pro show? Você tem amigos, irmãos, primos, chama o pai pra ir no show.

Rafael – E também tem o lance do deslumbre, tocar num palco. E é importante. “Agora a gente é banda mesmo”.

Tiago – Eu vou insistir de novo…

Gustavo – Não tô fugindo não (risos). Mas eu acho que algumas coisas no DoSol ficaram restritas mesmo. O estúdio foi opção nossa não fazer lá. A turnê por exemplo, que a gente vai fazer agora no Rio de Janeiro e São Paulo, ele não deu nenhuma notícia. E é uma turnê de um mês. Por que não? O Sinks fechou três shows, nem tava fechada a turnê, e estava todo dia lá. E lógico que o site é dele e ele bota o que quiser. As bandas entraram em estúdio e mal se falou, gravaram e mal se falou. Isso mudou muito, quando a gente estava nas bandas rolava mais. Mas se não rola mais, beleza. A gente tem outros meios. A gente foi pra Recife e não sabiam que a gente ia sair em turnê. Porque para ter acesso a um fotolog é mais complicado do que entrar no portal da cidade e ter a notícia de todas as bandas. E se no DoSol não falou que vai ter uma turnê, então não vai ter a turnê.

Tiago – Já que tem essa restrição, vocês estão pensando em usar de outras maneiras para conseguir divulgação? Pegar alguém da banda e mandar emails, por exemplo…

Rafael – A gente tem o Vinicius [Menna] guitarrista do Distro que é jornalista e a namorada dele também. Eles estão dando uma organizada. Nós damos o bruto e eles dão uma ajeitada.

Gustavo – Nas ações do Noize e Xubba eles estão dando uma força. E fora isso temos amigos. Tem orkut, fotolog, myspace. É só você querer divulgar, lógico que é uma força. E o show não vai ser um fracasso porque Foca não botou lá. Se vai dar público ou não, depende do que você trabalhou.

Pedro – Mudou muito porque antes as coisas eram mais centradas no DoSol e hoje a galera está fazendo e perdendo a dependência.

Rafael – E isso é normal, nenhuma cidade tem só uma pessoa fazendo o rolé não. A mentalidade é essa. Não é querer matar ele não, nós já ajudamos ele muito e ele nos ajudou muito. E tem os rolés que a gente faz junto. Só que a gente está querendo fazer o nosso também. Queremos ter nosso espaço.

Hugo – No disco novo do Calistoga tem uma marca do selo Farol Discos, de João Pessoa. Como são as parcerias fora de Natal?

Gustavo – Acho que o Calistoga vai ser o primeiro lançamento deles. Os caras são da mesma época que eu, de idade e envolvimento com cena. Quando eu comecei com a Geladeira [Discos] eles estavam fazendo shows lá em João Pessoa, que hoje é a Otimismo Produções, mais hardcore. O pessoal é meio que fã da banda. Sempre acompanharam, mandam e-mails. E quando a gente vai lançar material sempre procura parceria para ajudar. Se a gente mandar 50 CDs pra João Pessoa não vão voltar os 50 CDs e nem a grana, então vendemos a preço de custo. Então eles mandam a logo do selo e botamos na capa do CD. Pra gente está ajudando. Desde o Festival Mundo que a gente vem conversando muito. E esse ano quando a gente começou a gravar, ao contrário de gente que ajudou no disco anterior, ele chegou e perguntou se íamos querer ajuda para alguma parceria.

Alexis – Como andam os trâmites para a abertura do espaço do Coletivo Noize?

Gustavo – A gente tinha um local em vista, mas estava para ser vendido e dificultou as coisas. A gente está procurando, mas queremos um lugar para fazer shows…

Rafael – Fazer shows e ser um bar também.

Gustavo – Ter um escritório da gente e também para quando as bandas vierem ter onde ficar. Não só uma casa de shows.

Pedro – A infra-estrutura é muito importante. A banda que você gosta vai tocar, você pensa: o local é quente, serve cerveja quente.

Gustavo – A falta de cachê que hoje não rola. Não que seja uma coisa que eu acredite, mas se não puder dar R$ 100.00 à banda, dê uma caixa de cerveja e três águas. Isso faz diferença, porque tem que levar caixa, chegar cedo pra arrumar tudo…

Rafael – E ainda gastar dinheiro pra beber…

Gustavo – Cada um tem a sua proposta. O DoSol tem a dele, nós temos a nossa, bem diferente. Então estamos procurando o lugar. A princípio seria o anexo da Calígula, mas a mulher é inacessível. E também é bem ao lado de Foca na Rua Chile. Temos que ver isso tudo, transporte, segurança.

Hugo – Macaco falou que vai ter a tour pelo Rio e São Paulo. E o Distro e Fewell?

Rafael – Nós tocamos semana passada lá em Recife, levamos o disco, divulgamos bastante, vendemos. Na primeira semana de agosto vamos lançar em João Pessoa, no Espaço Mundo. A meta do Distro nesse ano é o Nordeste. Um cara chamou lá para Alagoas, disse que é só ir, mas tem que ter grana. Mas daqui pro fim do ano queremos ir a Fortaleza e resto do nordeste.

Pedro – Um colega da gente quis fechar uns shows em São Paulo, só que não dá por enquanto. Era muito próximo e não dava. E tem umas rádios pedindo o som da gente. E estamos planejando pra ver se nas férias de janeiro e fevereiro fazemos uns shows na Argentina e Uruguai. Estamos conversando com o cara do Motosierra, mas não é nada certo, só idéia.



0 comentários: