quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Depósito Hominis Canidae:Emicida - Pra quem já mordeu cachorro por comida, até que eu cheguei longe (2009)...

Leandro Roque de Oliveira ou E.m.i.c.i.d.a ficou conhecido por frequentemente estar no pódio dos maiores torneios de freestyle (rima de improviso) do país. E despontou esse ano como uma das revelações da música nacional por conta da sua sinceridade e extrema necessidade de por pra fora o que sente em rimas. O título da mixtape surgiu de uma história real do rapper. Num episódio tragicômico, Emicida mordeu Afrodite, a cadelinha da família, quando ela lhe roubou o único pedaço de pão que ele tinha pra comer em casa.

Tenho escutado muito esse disco em 2009, pra mim um dos melhores do ano, mas não vejo muitas resenhas sobre ele por ai. O MC Leandro Roque não foge da realidade de muitos rappers do pais, vem da periferia da Zona Norte, rima desde quando sua mente tem recordações, passou dificuldades, quase se perdeu e ressurgiu pra música em rinhas de MCs da cidade cinza de São Paulo. Ele tem um blog onde se denomina Embaixador da Rua, mesmo que ultimamente esteja fazendo apenas shows e não atualizando blogs...


Reza a lenda que a Sigla EMICIDA significa "Enquanto Minha Imaginação Compor Insanidades Domino a Arte”, Emicida é também uma provocação: assassino de MCs. O músico deu-se a alcunha ao enfrentar e vencer muitas batalhas contra MCs nas rinhas que participou. Em sua primeira mixtape, apresenta 25 faixas, que passeiam por diversas influências, com rima boa do início ao fim. Destaco a capacidade que ele tem de falar de trivialidades do dia-a-dia do brasileiro, pra mim um dos motivos pro crescimento meteorico do rapper, além de utilizar uma linguagem direta, mas que atinge periferia e alto de apartamentos (como o meu). Dedica o disco a mãe em som, nao esquece dos chegados e joga na cara sem dó de quem so tentou coloca-lo pra baixo...

Os hits Triunfo e To bem apresentam bases versateis, dançantes e fortes. Mas o destaque do disco pra mim é o fora/desabafo que fecha o disco, a canção Ooorra: "Eu já passei fome, já apanhei calado. Já me senti sozinho, já perdi uns aliado. Eu já dormi na rua, fui desacreditado. Já vi a morte perto, um cano engatilhado. Eu já corri dos homem, bati nos arrombado. Quase morri de frio, eu já roubei mercado. Já invejei quem tem pai, já perdi um bocado. Eu sofri por amor, eu já vi quase tudo chegado!"

Download do disco: Emicida.rar

Quer mais rap nacional e discos independentes do pais?! Chega la no blog HominisCanidae, abraço!

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